7 de abril de 2022
Hoje, dia 28/09/2021 completam 23 anos da morte de Fiamma Ferragamo e nós preparamos algumas curiosidades para você conhecer mais sobre a filha mais velha e herdeira de Salvatore Ferragamo, que foi a responsável por criar os elementos mais icónicos da marca, como o Gancini e o Laço Vara, e expandir os negócios do pai transformando em um dos principais nomes do mercado de luxo Italiano.
Fiamma nasceu no dia 3 de Setembro de 1941 e foi a mais velha dos seis filhos de Wanda e Salvatore Ferragamo. Ela abandonou os estudos precocemente a convite do pai, para ajuda-lo na empresa, ela tinha 16 anos quando começou a trabalhar com ele, entrando no mundo da sapataria e design de produção. Sempre muito curiosa ela aprendeu técnicas fundamentais do ofício observando o trabalho do pai, que era muito atento à anatomia dos pés e fabricava sapatos que atendessem as necessidades deles e não só puramente estética. Ele pessoalmente supervisionava a criação dos protótipos e lixava a mão as madeiras que usava para construir os moldes dos sapatos, esse conhecimento impressionou muito a jovem Fiamma, alimentando sua curiosidade e paixão pela sapataria.
Quando Ferragamo morreu Fiamma tinha 19 anos, como ela tinha sido a única na família a trabalhar ao lado de seu pai acabou herdando dele o cargo e se tornando embaixadora do estilo Ferragamo. Numa era em que mulheres empresárias não eram algo tão comum, Fiamma se torna um exemplo na área graças a sua natureza entusiasmada e exigente, sua grande determinação e forte criatividade – qualidades herdadas de seus pais. Pouco tempo depois todos os irmão mais novos da família Ferragamo entraram para a empresa, cada um encorajado de seguir com seu talento, um aspecto que levou ao nascimento de novos setores de produções. O sonho de Salvarore não apenas sobreviveu a sua morte como prosperou e expandiu numa dimensão internacional.
As criações de Salvatore Ferragamo são reconhecidas como verdadeiras obras de arte do século vinte, mas o impacto de Fiamma na história da moda é também algo bastante importante, já que ela criou modelos como o sapato com o Laço Vara.
Segundo a própria Fiamma contou em entrevista, a história desse famoso sapato aconteceu em 1978: “Quando ele foi criado as coleções da boutique não tinham um estilo que pudesse ser ao mesmo tempo casual e elegante. Os designers começaram a trabalhar num formato que estava sendo testado a algumas coleções e já sabíamos que era confortável, com um salto baixo e frente arredondada. Uma pequena placa oval de metal foi adicionada ao protótipo, junto de um laço improvisado de um pedaço de tecido simples encontrado no atelier. Pareceu uma boa ideia e nós decidimos mandar o sapato pro designer pedindo que ela fizesse o laço do mesmo couro que o sapato. Mas houve um desentendimento e o laço continuou no material simples.” Desde então a produção do Vara nunca parou e mais de um milhão de pares já foram vendidos, um recorde absoluto na categoria.
Em 1965 Fiamma decidiu começar a desenhar e produzir bolsas e pequenos artigos de couro, como acessórios complementares aos sapatos. A primeira matéria impressa com uma bolsa Salvatore Ferragamo aparecendo data de 1969.
Com o tempo esses acessórios se tornaram mais e mais significantes na oferta de produção da marca. Em 1972 a prestigiada revista Americana Women’s Wear Daily publicou uma foto de uma bolsa Ferragamo com um acessório de metal em formato de gancho servindo de fecho. Foi a primeira vez que o “Gancini” apareceu, destinado a se tornar um símbolo da marca, por sua elegância e feminilidade, sendo amplamente utilizado em acessórios de couro, sapatos e lenços. Segundo contam relatos a inspiração de sua forma veio a partir do prendedor de ferro ornamentado feito para amarrar cavalos, localizado na lateral externa do Palazzo Spini Feroni, onde desde 1938 ficam os escritórios da Ferragamo em Florença.
O símbolo foi reinterpretado em forma de monograma a partir de 2019 por Paul Andrew, o atual diretor criativo da marca, com a proposta de representar a união, servindo como um ponto de conexão, tanto literalmente adornando os acessórios das coleções, quanto figurativamente, representando a união entre as gerações, entre tradição e modernidade, que são conceitos muito fortes da Ferragamo.
“Como designer, valorizo a elegância inata da refinada simplicidade do Gancini e a sensualidade de sua forma. Outro aspecto é sua dualidade: duas fivelas que se conectam e se sustentam. A beleza da forma do Gancini é algo que trabalhei para enfatizar e enriquecer através da criação deste novo monograma.”, disse Paul sobre a escolha do monograma como identidade visual da marca estampando looks completos como óculos, bolsas, sapatos, lenços e outros acessórios masculinos e femininos.
No dia 9 de Fevereiro de 1967, no Hotel Sheraton-Dallas, no Texas, Fiamma recebeu o prêmio Neiman Marcus, famoso Oscar da moda, pelo motivo de “ter trazido uma nova dimensão para o nome Ferragamo graças à originalidade e frescor de seus design”, o prêmio já tinha sido recebido pelo seu pai vinte anos antes. Além dela outros designers receberam o prêmio: Valentino, Lydia di Roma, Venturini di Lucca e Emilio Pucci em nome de todos os artistas Florentinos que foram prejudicados pela enchente de 1966, em Florença. A prestigiada revista Life dedicou uma das suas capas à Fiamma, ela tinha 24 anos.
O Neiman Marcus foi só o primeiro de uma longa lista de premiações e honrarias recebidas por Fiamma Ferragamo durante sua vida. Em 1969 ela recebeu o prêmio Saks Fifth Avenue; em 1988 ela foi nomeada Designer do ano pelo American Footwear News e em Fevereiro de 1993 ela recebeu medalha de honra do Fashion Footwear Association of New York. Além disso ela foi a primeira presidente da delegação do Fondo Ambiente Italiano de Tuscan, membro do conselho regente do Banco da Italia e membro do comitê do centro Florentino pela moda Italiana.
Assim como seu pai, Fiamma meticulosamente mantinha os protótipos de seus produtos e documentos relacionados ao seu trabalho. Em 1985 ela estava entre os promotores da primeira retrospectiva dedicada ao Salvatore Ferragamo, que aconteceu em Florença, no Palazzo Strozzi. Pela primeira vez na Itália produtos de moda foram exibidos como peças de arte. A exibição chamada Líderes da moda, Salvatore Ferragamo 1989-1960 ( com curadoria de Cristina Aschengreen Piacenti e Stefania Ricci ), se tornou itinerante e passou por grandes museus internacionais, como o Museu Victoria e Albert em Londres, o Los Angeles County Museum of Art na Califórnia, a fundação Sogetsu Kai de Tóquio, o Museo de Bellas Artes na Cidade do Mexico. O sucesso da iniciativa convenceu a família a abraçar a ideia de montar um museu real sobre a empresa. Fiamma em particular guiou esse projeto, fazendo uso de habilidades de profissionais de historiadores e arquivistas para a fundação do arquivo Salvatore Ferragamo e a abertura do Museu Salvatore Ferragamo, em 1995.
Fiamma Ferragamo morreu precocemente aos 57 anos, no dia 28 de Setembro de 1998 após quase uma década de batalha contra o câncer de mama, mas seu nome e legado permanecem vivos. Em 2014 seu nome foi usado pra batizar um novo modelo de bolsa para a marca e o novo arquivo da Ferragamo, inaugurado em 2020, foi dedicado a Fiamma.